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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

stirnerianas - parte [ii] "liberdades maduras": política, sociedade e humanismo.

[ii] "liberdades maduras": política, sociedade e humanismo.

[ii.i]. despi-vos da vossa singularidade para ser um cidadão dessa nação – tudo o que é coisa do mundo e objetivos do futuro pertencem ao “interesse geral de todos”. belíssima idéia, caso o interesse não fosse estabelecido pelo cidadão desse estado. indivíduo incapaz de interesses particulares. ser humano exemplar. apenas busca a vantagem do estado e não a de seus interesses pessoais. vantagens econômicas, de justiça e de poder. minha pessoa nada conta. absoluto contra qualquer iniciativa. absoluto contra qualquer liberdade. és livre, caso sejas servidor obediente; caso seus objetivos sejam os do comportamento moral e liberdade moderada. sujeito às leis. ativista entusiasmado contra qualquer coisa que signifique autodeterminação totalmente livre. a liberdade torna-se algo pesado e velho. não se livra-se das coisa, sim livra-se nas coisas. estas nas quais o sagrado estado santificou como aquilo que o serve e lhe serve. soberano impessoal: constituição, imprensa, mercado, legalidade, reforma, progresso, titulação e polícia. tudo é dito pela lei.

[ii.ii]. a sociedade é a única que tem autonomia  – meu corpo vivo. teu corpo vivo. tens algo que eu gostaria de ter. tenho algo que gostarias de ter. unidos temos nossos corpos a serviço da distribuição igualitária. no entanto, cada corpo é um indivíduo sem comando nem propriedades. o comando, já o deixei nas mãos da lei. agora, as propriedades, as deixo nas mãos da sociedade. elevação e rebaixamento como critérios da liberdade. trabalhar uns para os outros é a base da dignidade. o único valor possível é que sejamos trabalhadores aos olhos dos outros. trabalhadores pacientes e submissos. questão de mérito. é a aquisição e a distribuição de bens que nos torna mais humanos. aspirar a tudo. política da esperança. dia útil. destino e vocação. preguiça e vagabundagem são pecados mortais e crimes hediondos. a ocupação é permanente. se burguês me indigno com os vagabundos; se proletário me irrito com o preguiçoso. a vagabundagem é parasitária. a preguiça, associal.

[ii.iii]. construção em mim uma imagem da humanidade – eis a liberdade futura: a liberdade tornada impessoal, universal. onde não haja mais nada de atual. consciência superior. a possibilidade abstrata e absurda de fazer aquilo que outra pessoa faz. a igualação é completa. nada é raro, excêntrico ou original. não há espaço para singularidades. não podemos ser menos. um só indivíduo; frágil; efêmero; desejoso; interessado. jamais podendo se relacionar com outros na qualidade que és apropriativamente. o indivíduo não é nada. a humanidade é tudo. o indivíduo não é essencial. a humanidade sim. toda pessoa é, em si, potencialmente desumana. monstro inumano. potência causadora de danos às outras. por isso é preciso abstrair-se. tornar-se imagem da humanidade. superação das limitações do eu para um eu humano ilimitado. tornar-se um preconceito. separado e acima. 

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[nota] :  em meu âmbito radical, a dessacralização do pensar, do sentir e do desejo. nivelamento radical entre pensar ou não-pensar, sentir ou não sentir, desejar ou não desejar. ser livre por pura diversão ou capricho amoroso. luta corpo a corpo contra tudo que é pressuposto para além da personalidade de minha carne. nada será poupado das conseqüências práticas de minhas apropriações e empoderamentos.  descobrir-me a mim mesmo. novos ares para dar força à minha tendência à indisciplina e à teimosia.  

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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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