à carta XXV
(décima terceira [cor]respondência)
foi nesta tua carta que me tornei diabolus. foram duas oportunidades. duas pausas. temor supersticioso da música medieval cristã (não que tua carta seja algo parecido) em dose dupla. essa que não abria brechas. caso abrisse (sequer uma) o diabo entrava e tomava conta (perigo eminente de um exu alegre) foi o que fiz. esperei uma pausa. entrei e tomei conta (sorrateiramente tomei de assalto seu diálogo/desenho). logo após você ter afirmado que “desenho é jogo” (do tipo nem isolado nem fictício). do tipo que comunica com o resto da vida. liga a vida ao jogo e o jogo à vida. que segue o ritmo de uma festa (não aquelas que obedecem a um calendário). festa e jogo desmedidos de riscos consentidos; de riscos desejados. ora jogo de competição (agon, agonia, agonista). ora jogo de acaso (alea, aleatório, apostador). ora jogo de simulacro (mimicry, ilusão, ilusionista). ora jogo de vertigem (ilinix, instabilidade, desequilibrista). e assim, márcia, nessa carta-música cujo prelúdio se anunciava, como um desenho quanto atividade livre, incerta e improdutiva... uma pausa. associado à vertigem de um jogo de azar, escapei para dentro do dialogo/desenho. não ocupando nenhum espaço reservado e nenhum tempo excluído. ansiosamente, aguardei o segundo momento: o momento em que você discute o rolo compressor do “cotidiano e suas obrigações” e o “desenho com a forma da mercadoria” (tendo a arquitetura como fantasmagoria desta). concordo contigo, a arquitetura é um tipo de fantasmagoria que nos estende um espelho cego. lhe darei um exemplo perto de mim: setor noroeste (novo bairro de Brasília). é o bairro o qual se tem o metro quadrado mais caso do brasil. dizem que os edifícios serão inteligentes (desconfio que seja a de algum tipo de verme). será o primeiro bairro completamente ecológico (para tal desmataram um cerrado inteiro). e, ainda um bairro politicamente correto (que ainda briga na justiça para a retirada de uma pequena aldeia indígena, fulni-ô, que lá está desde a formação de brasília). arquitetura e infra-estrutura alienadas e alienantes (tipicamente brasiliense). [continue lendo o texto aqui]
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