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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

diabolus/desenho: 12ª [cor]respondência

à carta XXIII 
(décima segunda [cor]respondência)
márcia,

desconfio de nós, olhos atuais. suspeito do não termos tempo. tenho dúvidas sobre nossa capacidade de guardar silêncio. tomo cuidado com as boas coleções de opiniões próprias. minha pergunta aguda no momento se dá sobre as condições de nossas vistas (acompanhar linhas e pontos): olho fixamente em meus próprios olhos e me pergunto: quem é este que olha? logo minha experiência do ver se desloca para além da compreensão do significado do visto. a experiência do ver se dá como um vivê-lo. um eu vivo. só que um “eu” superfície. um “eu” resultado de certa organização hierárquica de intenções (sentidos, disposições corporais, vivências passadas, instintos, temperamentos e entranhas). todas em disposições anímicas. dá-se o mesmo processo quanto a um eu vivo que traceja. tal qual o gato de alice (no país das maravilhas). ver e traçar viventes. ambas expressões de uma persona (personalidade enquanto sistema hierarquizado de intenções). o artista do traço é o mesmo artista do visto. um desenho não pretende transmitir um conteúdo de verdade. não se pretende ser um saber que enfrenta outro saber. nem mesmo pretende instruir um olho. um desenho é expressão de intencionalidade (força que se combine com outras forças). intencionalidade que não visa impor nada. pois sabe, por comparação a si, o quão inútil é (ética e estética) legislar universalmente. esse desenho cheio de intenções tem apenas a tarefa de multiplicar perspectivas. intenções de abrir os ouvidos. intenções de apurar o olfato. intenções de aprimorar o gosto. intenções de sensibilizar o tato. intenções de dar tempo. intenções de fazer do traço e do olhar uma aventura (doses de inocência, sensibilidade, coragem e até um pouco de maldade). o resto é temperamento, estado de ânimo, persona. ah, márcia, nesta altura de suas cartas, vejo seus insetos não só com os olhos. vejo-os também com o olfato, com os ouvidos, com o gosto, com as minhas entranhas. aprendi com elas que ver bem é ver com todo o corpo (mesmo que o desenho, corriqueiramente, se comunique com a visão). eu até chamo seus insetos de “insetos-intenções”. [continue lendo o texto aqui]

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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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