em “sobre saltos e absurdos e outras histórias”, HQ poético-filosófica, de daniel figueiro, me senti no meio de dois vortex que rasgam e remendam meu corpo: o inconsciente coletivo que fala em coro gutural, e a introspecção solitária que grita por uma autenticidade. pelo coro querem o meu couro. marcam nele símbolos antigos, mitos herdados, medos que nos esquecemos que os aprendemos. essa voz coletiva sonha dentro de nós. sonhos inoculados que crescem e que nos atravessam de dentro para fora. expões minhas vísceras. com elas expostas, as tento recolher para dentro. mas quero distinguir por quais delas grito, das que são apenas eco do coro. e assim salto. absurdo. miserável. sem par. fedendo like e terra. um prometeu(ndo) moderno.
Dentro de mim, :|: (a Mãe, a Sombra, o Abismo,)
uma multidão fala para que eu me cale. :|: (Não escolhi o chão,)
Carregam máscaras antigas, :|: (nem o tempo,)
eu busco forjar meu rosto. :|: (nem a língua que me pensa.)
O mundo sonha através de mim :|: (Habito o intervalo,)
não quer que eu acorde. :|: (entre o que só agora e o enfim, vir a ser.)
Lutam com armas, :|: (Entre eles, eu:)
e com silenciamentos: :|: (clareira instável)
o coletivo quer me atravessar, :|: (onde o símbolo tenta virar sentido)
a introspecção o detém. :|: (e o sentido tenta não se perder no símbolo.)
No fim, venci ou vencedores? :|: (Não quero mito automático,)
Porque sou, um feito :|: (quero presença,)
do conflito entre o gutural herdado :|:| (nada de herança cega,)
e o cântico sussurado que aprendo a chamar de meu. :|:| (quero escuta.)
AmAntE da hErEsiA :|: léo pimentel
verão, cerrado, MMXXV
verão, cerrado, MMXXV
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