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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

eCCe vISITa mONSTRa, com véus, a ApARTE galeria, que apresenta, a demonXposição Sintetiquos de Martinique (out.24)


§1.
aqui em brasília, onde temos mais artistas que pessoas, às vezes, do nada, paro alguém. paro qualquer um que esteja por ali de bobeira, e pergunto:
– e agora que todo mundo é artista, onde foi parar sua sensibilidade artística?
em seguida, saio correndo. deixando essa bomba com ela.

§2.
em uma renomada galeria, empolgado, fui ver uma exposição. fui decidido a encontrar as virtudes de cada obra de arte, ali exposta. como não sou bobo, pedi auxílio para os mediadores:
– onde encontro as virtudes daquele vídeo? e daquela performance? e daquela instalação?
me responderam:
– ah! você tem que ler a descrição de cada obra. lá você vai encontrar as virtudes que procuras.
e não é que tinham razão? sim! aquelas descrições é que são as verdadeiras obras, mas não elas mesmas com as virtudes das artes da escrita. mas sim com as virtudes que lhes são mais próprias. as virtudes do marketing! eureka!

§3.
outro dia, fui atraído, contra a minha vontade, a um atelier de um determinado artista. mas dependendo do lado que eu olhava, ora ele estava elegante, seguro de si, com gestos pomposos e solenes, ora estava desgrenhado, distraído, com gestos quase que autênticos. mas algo que chamou mais a atenção. vi que haviam pessoas orbitando em volta dele. seu centro de gravidade era enorme. parecia que nada lhe escaparia. foi então que, já que eu fora atraído para lá, pedi ao artista se eu podia dar uma olhada em seus rascunhos, em seus exercícios e estudos para realizar suas obras. eu realmente queria entender de onde vinha tanto poder de atração. imediatamente, o povo que o orbitava gritou comigo:
– você não vê? ele não precisa dessas perdas de tempo! tudo o que ele faz, e toca, já é uma obra de arte!

§4.
naquela madrugada, de sexta para sábado… naquela em que entramos de penetra na vernissagem. então, não tive um sono tranquilo. a uma certa hora, acordei assustado com vultos me rondando e me sussurrando ao ouvido: o que é arte? o que é arte? o que é arte? acendi as luzes, e as vozes pararam. as apaguei. os sussurros voltaram. e assim por mais duas vezes. até que eu fiz um pactos com esses vultos. combinei com que fossem assombrar os ditos artistas daquela verni sussurrando para tais: isso o que você faz não é arte! isso o que você faz não é arte! isso o que você faz não é arte! logo sumiram e dormi o resto da noite como um bebê.

*****
 
na quarta-feira, dia 09 de outubro de 2024, visitei a ApARTE. uma desmedida galeria, por vezes, do tamanho de uma sala de estar paratópica, que cresce à medida que se caminha por ela, por outra, um pequeno quarto de crianças que, como sua imaginação infantil, se expande ao infinito em cada piscar de olhos. sua realizadora é uma cultivadora de quimeras. NIQUIMERA! ou seria NIQRIATURA? ela também se expande, se transmuta, se desdobra. Nique cria, niqria criaturas, lhes traz à existência, não do nada, mas de seu trabalho árduo, permanente, incessante, mas prazerosíssimo, de ajustar sua imaginação fértil e sua sensibilidade vibrante com sua coordenação motora. suas quimeras devem aparecer aos olhos e aos afetos em seu melhor surgimento. a visita que fiz foi para ver a demonXposição Sintetiquos. exposição do mais puro ofício das artes. tudo realizado como a mais radical antítese às 4 anedotas que iniciei esse relato.

*****

§(-4).
para filmar, é preciso ter respeito com o olhar. o olho humano levou centenas de milhões de anos para se desenvolver. niquimera ama olhos. adora também essa sua temporalidade de realizar-se. pois tem um cuidado todo especial com ambos: olhar e tempo. desde a dedicação que os esculpe até o carinho com nossas delicadas estruturas ópticas sensíveis à luz. filma, escolhe o detalhe ali a ser mostrado, texturiza e ilumina! traz à existência seres bioluminescentes das profundezas negras da luz às suas alturas brancas que se projetam.

§(-3)
o horóscopo ocidental reduz as 4 dimensões do cosmos, que se expande e que afasta as estrelas umas das outras, a uma tal coisa, chamada, constelação. falta de imaginação que só tem altura e largura. se não bastasse pensar que a terra era plana, para tal redução, o cosmos também seria uma mera planolândia sem profundidade. ainda bem que niquimera niqria criaturas devoradoras de signos. benditos sejam seus 12 monstros astro(i)lógicos. no entanto, também há um décimo terceiro. um 3D com “d” também de “dracônico”, que está de olhos e língua apontados para você! faminto, faminto...

§(-2)
contra o mundo da bagulhificação ainda há cometas artificiais artesanais vindo em sua direção. um oumuamua que se dá para ver, um tanto decomposto, como o sorridente gato que aparece e desaparece para Alice. aqui na demonXposição Sintetiquos, somos nós que estamos através do espelho, no galeria das maravilhas. e falando nisso… esta não é como a lagarta que fuma narquilê? e aquele não é seu cogumelo divã? e aquilo não é… niqueverso…

§(-1)
em abril de 2019, vimos pela primeira vez na história, a imagem de um buraco negro. o messier 87. foram oito radiotelescópios espalhados pelo mundo trabalhando em conjunto e, dois anos para processarem 5 petabytes de dados. imagino que também é desse modo que niqria. ela também tem seu horizonte de eventos forjado com muita sensibilidade e trabalho. opa! imagino? não! vejo à distância do toque de meus dedos! uma singularidade niqueana, espiralada, com tranças de fitas de moebius, e relatividades, não de einsten, mas de escher. singularidade niqueana cujo universo bebê está ao seu lado. pronto para fugir com o primeiro circo que passar por ali. fascinante, digo, fascinantes!

130 pixels soul to AmAntE da hErEsiA
primavera, cerrado, 2024




1 Comentário:

Gazy Andraus (GaZine) disse...

Esse seu texto resenha-zine, Léo-Amante da Heresia, é imageticamente perfeito! Ele desbrava as questões de arte/não arte contrapondo com a exposição de Nique! Um texto fluído, rico e que se encaixa totalmente com os trabalhos dela, sua expo e as artes e minúcias! Não posso dizer apenas que você se superou - afinal, eu li sua tesezine (“tezine”!) - mas aqui nesta resenha, suplantou, plantou, coplantou e completou o que se esperava de externalizar os trabalhos niqriados pela autora (e perceba que não vi a expo - mas vi os vídeos-chamadas, vi uma série de imagens-fotos-filmagens dela no intagram, e um pouco da vez que a visitei, bem como visitei seu própria arteliê, Leo, que ama a heresia dos que se elegem doutos, mas moucos) e devo dizer que chegaste ao âmago dela - da expo, e também a trouxe à superfície a quem o ler/ver! Parabéns a ambos, nesta contraarte que se opõe à desarte, sendo dest’arte!
Gostei muito! E, de novo, instigou-me mais ainda a conhecer a expo apArte que é uma paratopia às galerias, existindo em paralelo, como soem existirem os zines e artezines, paratopicamente às publicações-padrões!
Esta resenharte sua é daquelas que são perfeitas como casadas com o tema a que se referem!
Ainda com o seu estilo, angariado da mescla da filosofia com a arte da cultura visualizável, com trocadilhos readaptados. Realmente, totalmente leoinspirada!
Com isso, percebe-se que a galeria apArte, sendo paralela às galerias que existem e que podem abarcar qualquer coisa, esta se desaparta do circuito padrão, por isso, fora da curva e que não se estabelece como buscando os "louros" da (des)arte que você descreve nos seus 4 parágrafos de sua resenharte...
Parabénszines, Léo, nova-mente, pela perspicácia e narração que corroboram e complementam quem for ver a exposição, sintetizado a transcendenciartística dum status quoisa além de si mesmo, resgatando do buraco negro a arte volatilizada, que afronta e se apronta como apArte desliinista de tudo o mais.

Gazy Andraus (GaZine), SV, 18/10/2024

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