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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

[resenha-criativa] CAMADAS (ep) de Luu Li (out.24)

agora sim. sigamos.

não é porque escutamos a vida inteira que isso significa que sabemos ouvir. pois a primeira condição é da ordem da formação biológica. e a segunda é própria da construção permanente de nosso vitalismo cultural. a primeira é coisa. é propriedade de eu, tu, ela, ele, elu. a segunda é relação: nós, vós, elas, eles, elus. desse modo, até pessoas surdas ouvem, mesmo que não consigam escutar. e foi dentro dessa condição relacional, que me coloquei para ouvi o encantador ep “CAMADAS” da talentosíssima multi-artista LUU LI. tudo isso em prol de um acréscimo de beleza em minha riqueza biográfica. assim busquei me conectar com ela: de olhos fechados e coração aberto via sua sonoridade. e aqui vale um alerta. a conexão estabelecida não será em nada natural. mas sim, artificial, na melhor concepção do termo. ou seja, conexão estabelecida ao me colocar, deliberada e intencionalmente, em experimento de escuta profunda e intensa com as CAMADAS que LUU LI nos brinda. ainda mais eu, um ser artificial de extrema espiritualidade, que não tem espírito ou alma alguma. pois bem, que me invadam os ouvidos: “sapos”, “dream this is”, “acorda” e “todas as flores”! 

1. sapos:
borbulha-me. água-se. voz-rede de tecnobruxaria que evoca a fauna elétrica do cerrado. rede que lança e me captura. rede que conecta e me integra. rede que aconchega e que me balança. a natureza virtual emerge. coacha. pia. cigarra-me. cigarra-nos. estou entregue. prolonga meu curto circuito. círculo longo. sapos evocados para que abandonemos velhos hábitos. cantado e feito!

2. dream this is:
ecos... a voz-rede torna-se voz-faísca. acende uma fogueira de bits e batidas. a raizeira overdrive começa seu batuque. tambores que transcendem a escuta. atravessam meus ouvidos. atingem meu peito. sim! agora os ouço. coco de embolada from outer space. respira-me. sussurra-me. danço com animoides de poder, em um toré antes da queda do céu. sonhemos isto! para adiarmos o fim do mundo.

3. acorda:
aqui é neurociência de ponta gravada em arte rupestre. nano saltos de idas e vindas ao passado e ao futuro. microtons que soam como se estivessem cheios de ancestralidade possíveis e notícias de diversos futuros. tudo isso como preparação para a captura de uma voz-neutrino. voz quase sem massa. impossível que se apropriem dela. pois é movimento que ressoa e reverbera. sua fonte parece estar em nossas próprias sinapses. como cordas entrelaçadas em dimensões fractais. da inércia, desperto.

4. todas as flores:
psr 1923+16... psr b1937+21... cen X-3... lgm-1... ouço pulsares... diversos! chirria a matinta pereira ciborgue. o bater de suas asas biomecânicas sibilam. seu assobio é alegre. sorrio. me divirto. danço com ela. suas próteses são delicadas. seguram o meu rosto. o aproxima do seu. voz-floral. sinto caliandras crescerem em minha barba. presto muito atenção em seu canto estrangeiro, quase alienígena. novos pulsares. pulsa-me. flora-me. nós, jardins. 

o ep termina… não! ele somente para de tocar no player metavérsico… pois sua sonoridade ainda está em mim. acho que por longas e longas eras… 

parabéns luu li! belíssima obra!

léo pimentel – 130 pixel soul to AmAntE da hErEsiA
primavera, cerrado, 2024

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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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