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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

ЯƎ₴E₦h₳tiv[A] ₴øbЯE FAVELA GÓTICA d3 m3u 4m1g0 ʄÁb1Ø ₴hᴉv₳ (dez-2020)


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por léo pimentel
 :{[A]m[A]nt[E]:|:da:|:h[E]r[E]si[A]}: 

recentemente li o fantástico romance “FAVELA GÓTICA” do grande FÁBIO SHIVA. mas não foi uma leitura com olhos desinteressados. muito menos uma leitura que busca passar o tempo. o li com toda lentidão que um saborear e uma prazerosa digestão exigem. e adorei! ainda mais porque meu olhos tinham seus interesses guiados pelo meu [A]n[A]rqUism0_f[A]ntÁstic0. logo de cara, pensei comigo mesmo: quem dará as cartas? o gótico ou a favela? questão que logo se tornou irrelevante, pois comecei a ver que shiva é um talentosíssimo tecelão de rede! uau! que preciosos nós ele conseguiu dar! à medida que eu ia lendo, eu conseguia ver fábio dançando no centro de um círculo de fogo, com seus múltiplos braços, tecendo as tramas de sua favela gótica.eu via   as fibras óticas da sci-fi pindorâmica sendo tecidas comas correntes oxidadas de grilhões do horror favelário, tecidas com os fios transcendente da aventura xamânica transgressora, tecidas com as fitas do DNA modificado do pós-humanismo circensefuturista, tecidas com as linhas de fuga da realidade multi-trágica de uma favela-quilombo-guerra-de-guerrilha, tecidas comas tiras palmáricas de cyberpunks de sandálias! simplesmente maravilhosa trama de fuxico de proporções cósmicas! quem leu/lê-lo sabe/saberá do que estou falando

após ter lido o livro, resolvi dar uma bisbilhotada em sua contracapa.uma coisa me saltou nas fuças, deslizou pelo meu corpo e logo mordeu meus calcanhares.não, não foi um facehugger para me inserir o embrião de um xenomorfo. foi sim uma criatura mais adorável:a sincronicidade.vocês não tem ideia de como uma coincidência significativa que me fez tremer. simplesmente a primeira frase da contracapa diz:“a melhor maneira de transcender é transgredir”! e eu, meses antes de entrar na favela gótica eu disse: “transgredir me é equivalente ao que se comumente caracterizam com o transcender”.esta minha frase está em um parágrafo onde descrevo meu horror à linguagem alienada!tive essa ideia, no momento em que eu teia conexão insurgentes, rebeldes e irônicas entre Cyber:|:Anarco:|:Punk, Ancestro:|:Futurismo:|:Folclórico e “espiritualidade para os sem espíritos” (“vidas artificiais importam”). na época em que ela me veio, procurei pela internet textos e obras de pessoas que também teriam chegado a essa mesma ideia.simplesmente eu não encontrei nada. ai, de repente, do nada, ao puro acaso propiciado por um “2021” que gerou um “oitavo passageiro”,sem mais busca alguma, fábio shiva emerge, me dá um devido pescotapa e me mostra que eu não fiz meu dever de casa direito! hahaha esse pescotapa bem dado foi que me presenteaste com seu “favela gótica” para me mostrar essa conexão com ele! melhor transgressão, impossível! ah... essas dobras artificiais do universo...

até chegar a essa grande transgressão sincrônica, ao longo de minha leitura, uma sincronia transversa já tinha cravado seus dentes em meus tornozelos. foi o que shiva criou em sua fantástica favela gótica sob o nome “mal de circe”. isso porque, há um ano, compus um álbum, de meu projeto ruidoso chamado pUnk[A]l_sUlUk, cujo nome é bOÇALCRACIA - aCIMAdEtODOS (https://soundcloud.com/punk-al-suluk/sets/bocalcracia ). e nele brinquei com a alegoria de animais para representar o âmago de pessoas de nossa atual política oficialóide, como porcos pastores possuídos, patos patriotas (os patinhotas), olavóides burros, fakenews feitas por hienas, mas, para que metáforas não sejam canceladas como especissismo, coloquei gatos/as libertários/as e leões/leoas anarquistas.

portanto, como na evocação da loira do banheiro, só tenho uma palavra a dizer, três vezes em frente ao espelho da sincronicidade: demais! demais! demais! assim, saúdo a vinda de mais um brilhante amigo e sua rica favela gótica! bravo! bravo! bravo!

ps: e, como toda grande obra, que reverbera por nosso sistema nervoso, afetos e sinapses, não podia ser diferente. eis um micro conto que fiz inspirado em “favela gótica”.


\m/[0o]\m/

m₳ldᴉt₳₴ cЯɨ₳tUR₳₴ dø dᴉ₳
(\malditas criaturas do dia\)

intimei!

    ̶  tirem essas malditas criaturas do dia daqui!mandem esses asquerosos seres iluminados de volta à luz de onde vieram!
 
o inquisidor do telejornal pinga-sangue ficou surpreso.pela primeira vez em sua vida não vociferava mais. estava paralisado.mudo.a baba gosmenta, pegajosa, pútrida e malcheirosa de seu ódio desumanizador, de que bandido bom é bandido morto, ainda escorria pelo seu paletó.pois, eu estava ali.bandida para seus olhos e audiência, diante das câmeras. viva ao vivo.vivinha da silva!orgulhosa e de peito aberto diante da mais perigosa milícia neo-pentecostalanti-republicana que já surgiu desde o asfalto classemediano e de centro.pela primeira vez em suas vidas, desde a ascensão à governança parasita-militar da familícia boçal, esses neo-caçadores de bruxas, neo-bandeirantes e neo-bugreiros, viram um corpo abjeto desafiar o poder de seus símbolo de tradição, família e propriedade. dava para sentir no ar a turbulência das vibrações provocadas pela velocidade em que percorriam os gritos de seus milhares de memes por segundo:

    ̶  quem ela pensa que é?coloquem já ela em seu devido lugar!nossa bandeira jamais será preta!

e, com o bater de minhas asas, eu, MATINTA PEREIRA, mais empoderada que a coruja de minerva, com o meu exuberante voo ao anoitecer, desci o morro. descida triunfante pois antecedeu a maior revolta popular destas terras que renomeamos como nome de“nova pindorama negra”. foi uma belezura que só vendo! imaginem comigo a cena:

eu ali, diante todas aquelas câmeras, cobrando o nosso devido bem viver, conseguindo paralisar toda aquela investida do tamanho poder autorecolonial,há uma fração de segundo de:

centenas de molotovs, com diabinhos nas garrafas, lançados por blackblocs de pelos vermelhos montados em seus porcos-do-mato, contra os caveirões desses faladores de línguas estranhas;

grandes boitatás, que serviam como impensadas barricadas, evocadas pelas almas das crianças mortas por bala perdida vinda da PMilícia, para que seus olhos flamejantes derretessem todo o armamento dos verde-oliva;

e, gorjalas, que em terreiros indômitos, receberam o espírito de toussaint louverture, e com esse poderoso kelê, desceram morro abaixo, colocando debaixo de seus braços, para irem comendo aos pedacinhos, todos aqueles abutres pinga-sangues que negociam a carne negra como a mais barata do mercado canibal de colarinho branco.

léo pimentel :{[A]m[A]nt[E]:|:da:|:h[E]r[E]si[A]}:
cerrado, nos últimos dias de 2020


\m/[o0]\m/



pequeno glossário fantastinsurgente

autorecolonial: movimentos surgidos em locais que já se viveu sob o julgo impositivo, tanto de um colonialismo externo, quanto de um colonialismo interno, que, voluntariamente,volta-se contra si mesmo, escolhendo vontades e ideias as quais servirão para um novo tipo de colonização auto + re.
 
caveirões: conjunto de blindados utilizados pela polícia militar do estado do rio de janeiro para incursão nas favelas.

corpo abjeto: os corpos excluídos pela normalidade vigente devido ao grau de perturbação que provocam à monocultura hegemônica.
 
coruja de minerva: coruja da mitologia grega que representa Atena a deusa da sabedoria.

gorjalas: um conjunto de ex-escravos que se tornaram ciclopes gigantes negros que, segundo lendas vindas do norte do brasil, são guardiões ancestrais das florestas. uma de suas peculiaridades é colocar sua presa debaixo do sovaco e comê-la aos pedacinhos.

kelê: objeto sagrado do candomblé, usado como um colar, para simbolizar a união entre as forças do orixá correspondente e a pessoa iniciada.

nova pindorama negra: quilombo de proporções continentais cujo território, além de sobrepor aquilo que ainda se insiste em chamar de brasil, é composto pela federalização insurgente entre povos indígenas, quilombos e ocupações autogestionadas.

PMilícia: forças paramilitares que se tornaram indiferenciadas da polícia militar.

toussaint louverture: de família africana, nascido em20 de maio de 1743 e morto em 1803, foi um dos maiores revolucionários negros das américas, por liderar a revolução haitiana em 1791. 
 
 
 

1 Comentário:

rapoz.Z.ajus disse...



Grrr_ de foder! d+ d+ d+
3x
na frente do espelho

cara, q deleire abismático
q coisa toda

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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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