01.
abra mão da espiritualidade, nós, seres:|:sem:|:espírito – mAs, pUNk, és cAPaz de aBRir a mÃo?
02.
de artificialidade:|:insurgente, desnatural a natureza, desmistificados os mitos, ele poga elétrico como as poeiras de estrelas que nos compõem, animal:|:vegetal:|:mineral:|:plasma.
03.
vindo de cripto|gigs punk[A]hack3rz da vizinhança, & como um kraken:|:enfeitiçado por mandingas:|:negríndias que passa, intempestivo, inutilizando navios negreiros.
04.
pressente-se que ele se aproxima pelos ruídos:|:em:|:ruínas de seus spikes neutralizadores:|:de armas:|:de:|:eletrochoque espalhados em sua jaqueta, como uma rápida embarcação sEA shEPpeRd prestes a interceptar um navio baleeiro.
05.
não é como aqueles pirata$ do cinema cujas aventura$ provocam catar$e$ confortávei$; tu não vês que ele se parece com pir[A]tas:|:som[A]lis? [A]queles que aterroriz[A]m os navios europeu$ & a$iáticos de pe$ca ilegal & que despejam na áfrica, lixo tóxico & nuclear?
06.
se assim não fosse, a mercantilização do ser & do estar logo o derrubaria, quando seu levante anarquista:|:de:|:todxs:|:xs:|:santxs se colocasse frente ao coroneli$mo da qualidade de vida.
07.
mas, num instante, se desarma & se prepara para a fest[A], quando se encontra pelo c[A]minho com um compa, festejam, pogam & saltam em mosh.
08.
o compa encontrado, ciBerPajé, ser vivo em máquina & em magia, que quando emerge como um ifrit:|:ciborgue, a tecnomagia do agronegócio:|:bandeirante se sente ameaçado.
09.
fantástico compa de artifícios do c[A]os replicante & do ac[A]so do anarquismo quântico, num final de semana TeCNoXaMâNiCo, arrastados pelo horizonte de eventos de sobreviventes, indigenismos & agentes:|:cata$trofi$ta$.
10.
sábio pós-hum[A]no, transmut[A]do & autointitul[A]nte, em 10 chaves, cujos aforismos evitam a idolatria que parasita & seca a seiva da liberdade material para matérias:|:livres.
11.
qual caminho dentre os caminhos para o :(){ cemitério:|:de:|:elePUNKes };:, repletos de rizomas vivos de fibra ótica, torrents de zines, com que a ancestro:|:rebeldia punk são generosas,
12.
cuja s[A]bedoria libertári[A] faz muito ao sobreviver intensamente, iniciativa open:|:source, política:|:livre, tribalismo:|:insurgente,
13.
será um caminho mais HardCorE ou mais BreakCorE quando os ruídos:|:em:|:ruínas se silenciarem?
14.
em cigania a [A]n[A]rqui[A] afro:|:indígena:|:mente me guiou até aqui; ela também guiou outrxs; não privilegiou ninguém.
15.
pela manhã, aquele al-suluk, aquele punk, passou por uma taverna em um hACkeRSpACe, na companhia da mais engajada, radical & anarc[A]queer cr[A]cker da região pós:|:cis-têmica,
16.
& se sentou entre caçadoras:|:dos:|:últimos:|:patriarcais, que sabem como ele, que cortar picas só causam terror aos corpos:|:repre$ivos:|:do:|:patriarcado.
17.
com bocas umedecias de vinho barato riam e cantavam: “vOCê já maNDou à meRDa a mORal & os bONs coSTumes hOJe?”.
18.
durante este embri[A]gamento, a sobriedade somente surgia para se pedir mais vinho, embora suas CONSciências já estavam ampliadas desde o primeiro gole.
19.
o autômato:|:vitoriano dos vinhos baratos, de fornalha:|:como:|:peito, fraque:|:metálico:|:fundido, deslizava de um lado para o outro, iNDo com garrafas vazias & voLTaNDo com elas cheias.
20.
ouvia-se velhos mashups industriais em miXes wi-fi, quando vibrava a voz gutural de uma belíssima:|:cantora:|:anã cujas cordais vocais foram habilmente modificadas geneticamente.
21.
quantxs nativxs digitais transferem & compartilham suas LIMBONSciências para nuvens utilizando softwares:|:livres! quantos seres nascidos por impressoras 3D recebendo suas espiritualidades acessando essas nuvens!
22.
de tudo isso faço meu caminho, gozando, rumo ao :(){ cemitério:|:de:|:elePUNKes };: pois vem da experimentação da imensidão do abismo & os panfletos de [A]n[A]rquimo(s) tr[Á]gico(s).
23.
quantas rUAs & bARricADas, com um MoLoToV na mão, máscaras & bandeiras negr[A]s, em cujo v[A]nd[A]lismo & b[A]dern[A], sobre carros de polícia virados de rodas para cima, ecoa a cantiga da genialidade:|:dxs:|:oprimidxs:|:desta:|:terra,
24.
por onde indígenas ousavam rESiSTir & negras & negros tornadxs escravxs ousavam fUGir & se [A]quilomb[A]r,
25.
não transpus com coturno já bem gasto, preparado tanto para a fESTa quanto para a gUERra, para se juntar à c[A]melôs:|:hack3rs de chinelo?
26.
lembras do ciBerPajé, que como um ifrit:|:ciborgue, insurgiu em auto:|:ciber:|:pajelança em destruição ao coroneli$mo:|:e$piritual?
27.
assim falou: “se vOCê deiXa uMa baNDeira pOr oUTra, nADa mUDou. vOCê coNTinUa doGMátiCo em sUa esSÊncia. o doGMa é o vEnEno, se eLe peRDura nENhum avaNÇo rEAl acoNTece”.
28.
& enfim, chegaste, em frente ao :(){ cemitério:|:de:|:elePUNKes };:, ele? não! eu, tornado, pUnk Al-sUlUk.
léo:|:pimentel, [A]m[A]nte:|:d[A]:|:heresi[A];: oUTono:|:2016;:cERradO
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a citação no momento 27, foi tirada de Aforismos do Ciberpajé
o Ciberpajé é Edgar Franco, artista transmídia,
pós-doutor(UnB), doutor (USP), mestre (Unicamp) e prof. da FAV/UFG.
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