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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

08 [(cor)respondência oitava – game over] - o retorno do diabolus à marcia tiburi

08 
[(cor)respondência oitava – game over]


assim falou marcia: “o passado não se move para mim (...) vejo que a fotografia e a filosofia tem em comum esse anacronismo, é como se o dentro e o fora da história correspondessem a algo sempre presente e, ao mesmo tempo, desde sempre ausente. mas somente esse anacronismo é capaz de captar o devir das coisas.” 

marcia, aproximando a fotografia da filosofia desse modo, é interessante ver o ponto desde onde você promove essa horizontalidade: o anacronismo. algo que também usei, mas de modo um tanto louco, em minha respondência segunda à ti. que inclusive o exercitarei como uma radicalidade política. sim, pois pelas vias do anacronismo irei dizer algo sobre essa captação das coisas ao mesmo tempo presente e ausente que você aponta e do confronto dos idos e dos foras.

“o passado que não se move” posso pensar que é o outro lado do espelho que é a fotografia e a filosofia. é o lugar onde acontece, outra história, numa espécie de cronologia paradoxal (anacrônica) de uma lógica da rebeldia contra modelos. esse outro lado é um olhar para trás que nos faz caminhar para frente. (tal qual faz a atual modernidade indígena contra a medieval mentalidade oligárquica da atual agroindústria.) olhar para uma fotografia funciona como uma dupla memória: próxima e distante. pois uma insurge permitindo uma série de atualizações de uma história próxima; ao mesmo tempo a outra convoca-me para aquilo que a fotografia trouxe e que não acabou – atualizações de uma história distante. 

“presente ao mesmo tempo ausente” apenas como uma história enquanto complexo sistema de devires. onde os devires da memória próxima se reformula pelos termos dos devires da memória distante e vice-versa. darei um exemplo: uma fotografia tirada ontem em são paulo, de pessoas trabalhando numa grande área de plantação de cana-de-açúcar. que passado nela não se moveu? que presente e ausente nela estão? será que trabalho escravo, exploração fundiária, monocultura nos diz algo sobre ontem e hoje? ah... fotografia anacrônica de memória anfíbia!

assim falou marcia: “o que a fotografia faz é dar ao presente a sensação de sua ilusão à medida que confronta com a imagem de um ido ou de um fora.” 

e quanto às ilusões dos idos e dos foras? limites da visualidade do outro lado do espelho? instantes fluidos aonde dentro e fora, ido e vindo, interagem? reversão da cegueira do olhar que opera por estereótipos! sim, aquilo que a fotografia, enquanto análoga à filosofia, capta a aparência invisível para nossos olhos. devemos para ver, desaparecer enquanto ser-espectador/a e aparecer enquanto estar-aí que compartilha a experiência com seu tempo (memória próxima), com sua história (memória distante), com o tempo e história também de quem fotografa. a imagem fotografada não mais se presenteia como meros universos visíveis, mas antes, como universos sensíveis, mas, também, sem muito acreditar em sua “realidade”, já que nenhuma iconicidade é uma representação análoga do mundo e da temporalidade. nessa experiência paradoxal crônica e anacrônica “ver” torna-se o mesmo que “fazer ver em perverter”. mas enquanto tivermos olhares apressados, que antes de ver tudo já está definido, dado, estaremos nessa ilusão que tu dizes, marcia. 

para nós, marcia, hereges, a fotografia filosófica ou a filosofia fotográfica destitui o puramente visual para tornar-se uma globalidade tanto do sentir quanto da práxis. se, como diz nosso amigo julio cabrera, o cinema é logopático, e logo a fotografia, temos que ir um mais longe que ele. temos de pensar que, ambos, cinema e fotografia, não se reduzem a apenas essas duas dimensões, que imageticamente poderíamos imaginar que correspondem ao cérebro e ao coração, mas que antes, há um terceiro ideologicamente excluído aí, as mãos! ou seja, a fotografia é algo logo-pático-práxis (ver-sentir-fazer).

léo, amante da heresia



passarela subterrânea entre as quadras 111 e 211 – asa norte – brasília | léo pimentel | 2012


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