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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

05 [(cor)respondência quinta] - o retorno do diabolus à marcia tiburi

05 
[(cor)respondência quinta]


assim falou marcia: “a vida produtiva de um fotógrafo é sempre o testemunho complexo que nos põe em conexão com a própria função da memória.” 

uau! essa afirmação é uma descrição genial de “um sistema para se especificar uma ênupla de escalares a cada ponto num espaço n-dimensional”, ou seja, uma bela descrição de um belo sistema de coordenadas. sendo a primeira coordenada, a relação entre “vida produtiva” e alguém que a vive, no caso, um fotógrafo; a segunda, nós em relação ao que fora produzido ao longo dessa vida e; como espaço n-dimensional, a memória. disto podemos pensar, de forma bem imaginativa, coisas muito interessantes sobre a função-memória da fotografia. seria ela algo assim? uma série de fourier?


porque esta fórmula? pela razão de que ela trata da soma de infinitas séries de variáveis independentes de modo a poder determinar seus períodos constantes, chamadas de harmônicas. e disto possibilitar a lida com coordenadas muito complexas. e falando nisso... será que compliquei algo? não, mas confesso que intimei nossas imaginações a responder por seus próprios limites. sim, achei a série de fourier adequada para ilustrar (sim, ilustrar) sua frase, marcia, pois vejo a matemática muito pouco utilizada para favorecer a imaginação e principalmente, a memória. mas claro, há uma brincadeira embutida nessa intimação. é a ideia do modo como lidamos com o caráter dinâmico e flexível das coisas que nos rodeiam. e tais também se encontram nessas suas palavras. principalmente nas palavras “produtiva”, “conexão” e “função”. 

sigo: o que você sugere, marcia, é que não há uma doutrina da memória, ou seja, não ela é mais uma função variável que opera sobre um fundo de simbologia prática, a fotografia, expressada por um fotógrafo de modo quase imperativa, que substitui a funcionalidade das descrições estáticas e inflexíveis de um registro obsessivamente objetivo. as formas (variáveis independentes) de uma vida fotográfica (primeira das coordenadas) tem uma dinâmica circunstancial determinada pelo fundo simbólico (também variáveis independentes) ao qual pertencem. pois não vai ser igual à configuração pessoal de quem (recorrências infinitas) vê a fotografia. e tudo isso operando em séries e se revelando, mesmo pela soma de infinitas recorrências, em períodos constantes. estes os quais, comumente, nomeamos como memória, o próprio espaço n-dimensional desse sistema de coordenadas “marcianas”: imagens que guardam lembranças e, no entanto, relutam em revelar que se lembra de algo. a função memória torna-se harmônica com a função fotografia, e assim, ambas as funções se revelando como constructos de uma das dimensões do espaço n-dimensional, o inconsciente pulsional óptico. 

imaginemos! coordenadas entre linguagens que vão adquirindo uma grande plasticidade exponencial em seus suportes ao mesmo tempo em que amplificam o sentido comunicacional em tempos e espaços diferentes relacionando nós com todos os outros nós.

assim falou marcia: “mostrar o singular resistindo à dominação do geral.” 

e seguindo a imaginação acima sugerida caberia outra concepção matemática a esta sua frase, marcia? sim! subsequentemente poderíamos atribuir à ela a ideia de “homologia singular”: a fotografia “mostrando o singular resistindo à dominação do geral” seria é um funtor (homomorfismo, formato – composição) covariante (probabilidade de valores esperados entre duas variáveis aleatórias reais – imagens, no caso) entre a categoria (generalização do sem-sentido abstrato) dos espaços topológicos (convergências, conexidade e continuidade) e aplicação contínuas (correspondências entre as variações dos objetos e as variações em suas imagens) e a categoria dos grupos graduados não-abelianos (que dependem da ordem dos elementos do grupo) fotografados e os homomorfismos de grupos graduados abelianos (que não dependem da ordem dos elementos do grupo) fotografados.

complicado? bem, para melhor imaginar a descrição dada no parágrafo anterior, façamos, em paralelo, como o pessoal da matemática faz: sejamos intuicionistas! e para tal, aqui sugiro o seguinte: escreverei, a seguir, uma que corresponderá à nossa atitude, que estamos pensando a fotografia, e em parênteses, como os matemáticos intuicionistas pensam a matemática: o mostrado (a verdade) em uma fotografia (de uma frase matemática) consiste na nossa habilidade de pensá-lo (prová-la) e não de que o mostrado (a verdade) consiste em sua correspondência com a “realidade” objetiva. voilà.

léo, amante da heresia



guindaste abandonado em viñas del mar -  chile 
| léo pimentel | 2012


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