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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

03 [(cor)respondência terceira] - o retorno do diabolus à marcia tiburi



03
[(cor)respondência terceira]


assim falou marcia: “ao que não podemos dar nome nos amedronta. (...) talvez o ser da fotografia é a flutuação.”. 

marcia, por vezes me pego pensando nessa coisa da estrutura fundamental disto ou daquilo. e logo vejo a armadilha que se abre sob nossos pés: isto ou aquilo deve ser ele mesmo e não um outro. e isto é o que lhe dá valor e finitude.

mas... e estas coisas, como a fotografia, que como você diz, “flutuam”? seria uma propriedade delas, nossa, ou da interação? princípio da incerteza de heisemberg? flutuação quântica? se assim for, a fotografia é algo muito interessante, pois possui, pelo menos, mais de um “observável” ou... “nomeável”. ela mesma guarda uma incapacidade de deciframento; mas não um vazio completo. o que poderíamos chamar, parafraseando a física quântica, de “decifração mínima”. algo que pode implicar o naufrágio da nomeação como parte de uma explicação progressiva, mas jamais um estado zero dela. para nomear, é preciso escolher, para que, ao escolhido, nos preparemos com algumas ferramentas para tal. pois para decifrar uma fotografia deve-se escolher um observável de cada vez: ou que ela represente algo (uns já a denominaram de “o instante decisivo”, outros de “o teatro do instante”) ou que o mundo conceitual é seu universo de significado (como as “imagens técnicas” de flusser). o melhor da escolha do “observável” é que a fotografia torna-se uma visão de mundo e um mundo – ela mesma e uma outra coisa. a ela escapa o inconveniente de ser insubstituível.

a fotografia jamais se sente sozinha para brincar (decifrar/nomear/explicar). ela é travessa. não precisa se desculpar por existir de modo imperfeito e impreciso. seu campo da incompletude e da flutuação é sua propriedade fundamental mínima de que, ela não pode ser qualificada univocamente. ela é duas com pretensões de ser três: o/a espectador/a está integrado naquilo que é observável. interessante dessa decifração mínima da fotografia é que ela exige, qualquer que ela seja (desportiva, subaquática, publicitária, jornalística, aérea, retrato, macro, micro, de glamour, ou artística), um viver a fotografia, não apenas observá-la. o que faz com que embaralhemos os tipos de fotografia e os atribuímos a nós enquanto vivência. assim, posso viver publicitariamente uma fotografia jornalística. do mesmo modo que posso viver um retrato como sendo desportiva. ou uma aquática como sendo aérea. e por aí vai.

léo, amante da heresia



pixinguinha - travessado ouvidor - rio de janeiro | léo pimentel | jan | 2012


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