a primeira coisa que fiz foi passar rapidamente os olhos naquela papelada toda e pescar o que saltasse aos meus olhos. pescada algumas idéias e anotações, as joguei no chão de meu quarto. em seguida me dispus em frente ao computador e me prontifiquei a escrever algo. no entanto, eu precisa de um estilo literário para servir de motivo para a composição. e eis que de repente, à espreita, saltou contra mim o livro "idoru" do escritor estadounidense william gibson. seu estilo literário é o subgênero de ficção-científica chamado de cyberpunk. ah, adorei isso! adorei esse motivo! sempre tive intensões hackers expandidas. pois bem, quanto à ficção tornei-a delírios. do científico, fiquei com suas pretensões. do cyberpunk inspirei-me de tudo o que lhe era, simplesmente, punk. nesta disposição caótica do universo, escrevi a versão beta de "téchne kybernetiké - a arte de pilotar". e assim, escrevi, para mim mesmo, um livro que eu gostaria de ler.
da feita da escritura, coletei uma grana com meus amigos e montei uma versão impressa cherocada que foi distribuída numa celebração-performance apocalíptica. nesta, me caracterizei de personagem cyberpunk dos trópicos. me coloquei ao centro de um pentagrama. este desenhado com gasolina unindo cinco computadores (sucatas, é claro). enquanto tudo isso pegava fogo e explodia, eu lia uma espécie de profecia que contava a história do último suspiro humano: depois do fim da humanidade, um único computador ainda gozava de seus última carga de bateria.
alguns anos se passaram. chegamos a 2006. outro vazio se dispôs à minha frente: a dialética entre problema e necessidade. mas desta vez, o motivo já tinha forma, delírio-insurgente enquanto estilo literário. e o que era para ser escrito não era mais resultado de uma pescaria, mas sim, o resultado de uma caçada. eu tinha que expor a caça: pornografia-política ou, simplesmente... pornopolítica. com pólvora e sêmem nas mãos, escrevi a versão 2.0 de "téchne kybernetiké - a arte de pilotar". versão somente distribuída virtualmente. um texto que não teve sua merecida performance de lançamento. os tempos eram outros. no entanto, ele foi celebrado! sua estratégia de propaganda tinha ser à altura de suas pretensões. propaganda pela ação! e assim, ao bom e velho estilo anarquista, uma barricada foi levantada com pneus em chamas, paredes de prédios públicos foram pichadas e outdoors sexistas foram vandalizados. a conexão entre tais eventos e o livro virtual foi feita por e-mails manifestos.
pois bem, chegamos em 2011. as duas versões estão juntas. matéria e anti-matéria. devem ser celebradas como tais. outro caos é possível!
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