Suluque me dizia que seu autor brasileiro preferido era Ezio Flavio Bazzo – o qual me disse que nunca o procurou por achar melhor os livros a seus autores. para ele Ezio era um peculiar escritor. pois era alguém que viajava pelo planeta para refinar sua percepção negativa do ser humano. o Titicaca ao fundo, ao lado e à frente, as conversas das cholas, nas línguas Quechua e Aymara, preenchendo maravilhosamente bem a precariedade da Van, nos foi o cenário ideal para iniciarmos, tanto uma confiança mútua quanto uma aculturação recíproca. foi em um barquinho, no meio do Titicaca, já avistando o Monte Calvário, que trocamos nossos mais valiosos presentes. Suluque me entregou o esboço de um trabalho que havia iniciado no norte da República Popular da China. lá estava fazendo uma pesquisa de campo no deserto de Gobi. na época em que era professor visitante na Universidade Livre do Curdistão. lá pelos idos anos finais de 1990.
sua obra me foi dada em um pequeno cd, outrora guardado dentro de pequena bolsa de couro sintético – que, humoristicamente, dizia ser de camelos artificiais. ele me disse que aquela era sua única obra. no mesmo estado de humor também lhe entreguei uma pequena obra que eu havia levado para a Bolívia, com o intuito de terminá-la por lá. entreguei-lhe meu caderninho com todas as anotações que gerariam essa minha obra. o título da minha era “Memória dos Anos que não vivi”. a dele era “A Arte Anarquista do Ronin Zen ‘Wu Wei Kaishakunin’”. este acaso boliviano nos tornou guardiões da obra de um e de outro. porém, não fora somente esta nossa única missão recíproca. fizemos um pacto. primeiro, saberíamos pouco sobre o passado pessoal, como família etc, um do outro. segundo, caso um dos dois parasse de dar notícias – um ano era o tempo mínimo de ausência – isso significaria sua morte. esse desaparecimento seria o sinal pra que o ainda vivente teria a obrigação de publicá-la.
sua obra me foi dada em um pequeno cd, outrora guardado dentro de pequena bolsa de couro sintético – que, humoristicamente, dizia ser de camelos artificiais. ele me disse que aquela era sua única obra. no mesmo estado de humor também lhe entreguei uma pequena obra que eu havia levado para a Bolívia, com o intuito de terminá-la por lá. entreguei-lhe meu caderninho com todas as anotações que gerariam essa minha obra. o título da minha era “Memória dos Anos que não vivi”. a dele era “A Arte Anarquista do Ronin Zen ‘Wu Wei Kaishakunin’”. este acaso boliviano nos tornou guardiões da obra de um e de outro. porém, não fora somente esta nossa única missão recíproca. fizemos um pacto. primeiro, saberíamos pouco sobre o passado pessoal, como família etc, um do outro. segundo, caso um dos dois parasse de dar notícias – um ano era o tempo mínimo de ausência – isso significaria sua morte. esse desaparecimento seria o sinal pra que o ainda vivente teria a obrigação de publicá-la.
léo pimentel - maio de 2011
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