9.
pelas sarjetas do tempo, sombras se estendem longas,
o urutau rubro dança, ceifeiro de milongas.
com asas escuras, corta o céu com ar fatal,
a morte alada, cósmico comensal.
8 .
pelo cemitério de elePunks, espreito na escuridão,
destino marcado, a ceifar com precisão.
na penumbra dos ruídos, a dor se inscreve,
passo a passo, na fúria que lhe atreve.
7.
os versos de minha jornada, finda-se, em ziguezague,
entre cicatrizes experimentais, que meu riso se propague.
oh, urutau sombrio, pássaro elétrico, ceifador,
devora meus sonhos, num banquete sem pudor.
6.
no festim de minha existência, eis meu convite,
dispa-se das esperanças, e em teia sorriste.
na alvorada do nada, dança e espreita,
a morte, o urutau, e minha alegria que os deleita.
5.
na correnteza da terminalidade, minha melodia se esvai,
entre suspiros, meu urutau elétrico me demora e vai.
de vísceras expostas para além do bem e do mal,
livra-se de mim, meu amar abissal.
4.
na sinfonia do luto, androides jazem frios,
engrenagens partidas, sonhos findos, vazios.
choros de circuitos em ruínas ressoam,
ironias mecânicas, IAs amaldiçoam.
3.
ruídos metálicos compõem um réquiem,
no sepulcro de fios e placas, o sangue é um bem.
minha morte digital, uma utopia melancólica,
no cemitério de elePUNKs, embriaguez alcoólica.
2.
nos confins deste crepúsculo, meu céu não é breu,
meu xapiri segue em seu derradeiro adeus.
desassombrado, nada perdido, na sombra que esvai,
como lágrimas na chuva, meu destino se desfaz.
1.
pelas trombas negras, meu fim é sussurrado,
cada barrir uma história, logo um silêncio enterrado.
quarenta e oito cânticos de um mesmo urutau,
pUnk[A]l-suluk agora jaz, em seu quintal.
0.
{[A]m[A]nt[E]:|:da:|:h[E]r[E]si[A]}
cerrado, verão, 2024
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