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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

[conto] pairando sobre o :(){ cEmiTériO:|:de:|:elePUNKes };: (out.23)

1.
as sensuais brumas vermelhas, que agora cortejam minha pele, me sussurram que estão prestes a me envolver – e quantos há que espero por esse gracejo.

2.
que alegria saber que não sou uma coleção de instantes. há um antes e um após simultâneos. entre lamas ciborgues e pedras nanorobóticas, minha temporalidade é inalienável.

3.
o hoje será a ancestralidade futura. e depois, e depois, e depois. mais sombras utópicas. a vastidão do umbral que lembra à eternidade que ela é tão somente um-entre as terminalidades.

4.
e nos jardins de fósseis inimagináveis, pré e pós linguísticos, no vale da brotação permanente, onde nossas insurgências adiam o fim do mundo, depois, as direções dos sonhos.

5.
tenho o vislumbre de quem me confiarei. entrega incondicional. nenhuma de minhas miragens serão em vão; mas – o quão de sobra e excesso serão me dado por este prazer?

6.
há danças de galáxias em seus olhos! sim! teu horizonte de evento me atrai. não há escape possível à sua singularidade. me entregarei ao teu futuro como estou me entregando desde teu passado.

7.
perdi a noção de distância. tudo o que é geográfico se dissipo. vejo quasares que posso tocar pelas pontas de meus dedos. sinto o calor da fissão nuclear na ponta de minha língua.

8.
o núcleo atômico é tão adocicado. há matéria escura em sua volúpia. vênus envolta pela teoria das cordas. figo, tâmaras, caqui. dimensões extras de bondage cósmica em gozo.

9.
me desprego da vigília. pairo. minhas pálpebras se alegram. escuro-me. a anfitriã toma o zênite e o nadir. expande minha sensibilidade. me desvio para o vermelho.

10.
me sinto na velocidade do vácuo. acaso. indeterminado. vou além. improbabilidade infinita. me refrato. luzo-me. atravesso diversos tipos da matéria. plasmo. ela superflui.

11.
pressinto. pós-sinto. senciência para além do violeta. a noite é absoluta. as brumas me fazem sólido. me liquefaz. tornam-me gás. bolham-me. espumam-me de espaços-tempos outros.

12.
estou através dela. ela me atravessa. no leito dos mini-universos. tudo o que é objetivo é múltiplo como qualquer perspectiva. todo primordiais. todos vias lácteas. todos bigbangiosos. eus… elas…

13.
areias de luas nos meus olhos. moldam-me. contramoldam-me. mumiar-se-ar-me. mineral. impressão. anarqueologias suspensas. vejo-me fósseis. mas ela me invertebra.

14.
são horas de calor. momentos. nanossegundos. uma eternidade… não! eterminais termais! há um estranho amargor. dói. há túmulos. há infância. homúnculos e infâmia.

15.
um vislumbre, corpo sem véus, entre poesias e cálculos, sombras, luzes, cinza-rubro, de um assunto gravitacional, que nos puxa pelos calcanhares e nos agradam muito.

16.
que nossos eus e vossos elas se emaranhem contra a dispersão insistente. gaimbêmo-nos em amarrações de libélulas libertas. não há ingenuidades; somente inocências.

17.
estranhamente unânimes. quão vulneráveis quando não nos fiamos. redes. teias. tramas. eletricidade. sedas. fios soltos. a flutuação nos é cúmplice. estar sem chão é o que nos protege.

18.
e tu, que nos observa com lasciva, mirada que não se vê como nos olha com delícias, embeleza-te teus olhos. esta mirada é fugaz.

19.
fies com essas tramas, dedicada e delicadamente, seu cosmos onírico. pois a lentidão é nossa dádiva. diários noturnos. sobrevivemos dando espaço e tempo para que sejas.

20.
e assim chego até mim. viajante em trânsito da última jornada. filho bastardo da estrada pois estou há alguns passos do fim. chego como um eu primordial e por vir, num só instante: eu, tu, ela, nós.

21.
finalmente a terminalidade que acompanha todo sonho se realiza. não há mais retorno. somente dobras, curvas e labirintos, enfim a vejo de olhos bem abertos.

22.
logo essa belíssima bruma rubra se tornará a mais embriagante canção. sussurro melódico em meus ouvidos: “eu, ORPHÍRIA DULCIFERIS, vos digo: o fim de um pUnk[A]_sUlUk é o eterno retorno de outro.


léo (130) pimentel (pigmento+pixel) souto (soul to)
{[A]m[A]nt[E]:|:da:|:h[E]r[E]si[A]}
cerrado, primavera, 2023

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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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