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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

ANARCANIS HOMO LUPUS (microconto inspirado NA HQ LICANARQUIA)

 ANARCANIS HOMO LUPUS*

por léo pimentel – [A]m[A]nt[E]:|:da:|:h[E]r[E]si[A]
cerrado, há três dias para o fim de 2022


baixa humidade... alta temperatura... bastou o rolar de uma pedra! faíscas! distúrbio natural muito comum no cerrado... queimada! biomassa seca acumulada. fogo! fogo! em seu ciclo sazonal.

no entanto, há muito que o cerrado tornou-se um bioma ciborgue. espaço pós-geográfico. à sua parte orgânica, concreto, asfalto e aço lhe tornaram cibernética. para cada animal de sua diversa fauna, lhe há um elemento pós e um dispositivo protético. para cada exemplar de sua rica e exuberante flora, lhe há um transgênico nano-inteligente. assim, o seu estar-no-mundo como espaço, animal e vegetal, tornou-se equivalente, mas outro. antigamente, aqui era chamado de cidade-bioma. mas devido à sua complexidade, hoje a nomeamos de “nosso ventre”.

antes...
pelas vielas deste ventre... uma canção transhumana ecoa...
“mistérios do meio dia. / que se teletransporta longe. / que seus cálculos positrônicos não finalizam nunca. / se são. se transmutam. / quem será. quem foi.”

depois...
pela savana ex-bioma-ciborgue... a canção não se interrompe...
“impérios federados de um anarcanis homo lupus. / ex-homem, hoje tecnnogenético. / e uma, ainda mulher, tão desgarrada, / desamparada se aterrorizou.”

antes e depois se fundem...
“neste intra-tempo, eterna fração de nanosegundos.... / em meio ao outro fogo, se entregou... / aos seus todos eu, por quê?”.

como é possível viver ao mesmo tempo, o mesmo instante de um passado e de um futuro? a canção toda se realiza de uma só vez. é seu elã vital transtemporal.
“não quis tomar partido, nem está solitário. / não mesmo entre extropianos, / ou tecnogenéticos, / que viveu na guerra insana. / mas com seu duplo, seu professor.”

como eu disse, neste todo outro, a faísca veio da fissão de núcleos de átomos do urânio 235. distúrbio artificial muito comum no pós-cerrado... também queimado, ao seu outro modo... pós-biomassa seca acumulada... bomba! bomba! mais um fogo que nos aniquila, e nos renova... em seu ciclo sazonal...



*este é um microconto inspirado no grandioso 
álbum em quadrinhos LICANARQUIA, 
dos mestres CIBERPAJÉ (roteiro) & 
TONINHO LIMA (desenhos). 
lançado pela ATOMIC editora.





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