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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

pessimismo e otimismo no sentido extra–moral



há uns bons anos, venho fugindo dos espaços de senhores de engenho filosófico e de seus diplomados capitães do mato. fuga em que a saída foi a abertura de quilombos em meu pensamento. o problema insolúvel é que isso está longe de se constituir algum espaço confortável. um quilombo tem seus infernos tanto quanto um engenho. é mais ou menos como a escapada da caverna de platão. só que, sendo a caverna um inferno, se escapo desta, certamente, caio em outro tipo de inferno. deste modo infernal, e deste conhecimento diabólico (e não simbólico), estive presente no seminário sobre pessimismo e otimismo moral, acontecido nos dias de 19 e 20 de abril de 2012, na unb. o infernal desse seminário foi o moral, e o meu foi o sentido extra-moral. 


de meu quilombo pude apontar duas considerações gerais e três particulares. estas que me fizeram repensar minha própria posição dentro de meu quilombo de pensamento. das considerações gerais são uma de presença e outra de ocultamento. a de presença foi a própria impossibilidade filosófica do diálogo – os discursos estavam bem ensaboados, tanto no sentido de higienizados, quanto na condição de que escapavam a toda tentativa de serem pegos. a de ocultamento, foi uma espécie de niilismo simbólico ou niilismo conceitual de teor conservador – discursos que invalidavam todos os conceitos, de modo que tal invalidação servia como estratégia de desvio, onde conceitos já estabelecidos, sorrateiramente, permaneciam intocáveis. curiosa situação: tentativas de não-ser enquanto que se é algo – como uma cerveja sem álcool ou um café descafeinado. das considerações particulares aponto três ideias: a de “vida pós-ética, pós-moral”, a de “manual de sobrevivência” e a de “mais-vida à gozar”. pois bem, sigamos com passinhos de bebê. 


das duas considerações gerais: 

discursos ensaboados: o que assim nomeio é a argumentação como arte de fazer malabarismo com sabonetes molhados, onde os sabonetes são os próprios “pontos de partida” – mas que também funcionavam como naquelas famosas cenas de desenho animado, em que as personagens correm sobre uma superfície escorregadia sem conseguir sair do lugar. pontos de partida escorregadios, sempre colocados como incompletos, o qual lhes qualificavam como seguros, pois lhes dotavam de mistérios como os vícios das questões religiosas. princípios seguros, porém difíceis de segurar. impossíveis de serem surpreendidos por uma situação crítica, já que sempre escorregavam da precisão. tudo era falível, menos os pontos de partida. espécie de toque que põe em contato escorregadio certo sujeito e certo objeto. discussões condenadas ao fracasso desde já, se se criticam esses dois polos do ponto de partida (sujeito e objeto) e não seu modo de ligação. fracasso crítico endereçado ao objeto: isto sobre o qual se fala nada se pode falar. fracasso crítico endereçado ao sujeito: não és mais tu mesmo, já que hoje falas sobre o que ontem tu não dirigias uma só palavra. ora a crítica aos pontos de partida seria mais interessante se abandonássemos as abstrações dos dois termos (eu falo/penso sobre isto) para nos concentrarmos mais ao que os liga. se tanto sujeito quanto objeto são “eternamente” incertos e indeterminados – excessivamente importa quem fala e excessivamente importa sobre o que se fala – então direcionemos nossa atenção ao certo e ao determinado que os conecta, os pontos de chegada. não se escolhe de onde partir, escolhe-se sim partir, como no conto de kafka, “a partida”. 

ordenei que tirassem meu cavalo da estrebaria. o criado não me entendeu. fui pessoalmente à estrebaria, selei o cavalo e montei-o. ouvi soar à distância uma trompa, perguntei-lhe o que aquilo significava. ele não sabia de nada e não havia escutado nada. perto do portão ele me deteve e perguntou: 

– para onde cavalga senhor? 
– não sei direito – eu disse –, só sei que é para fora daqui, fora daqui. fora daqui sem parar; só assim posso alcançar meu objetivo. 
– conhece então o seu objetivo? – perguntou ele. 
– sim – respondi – eu já disse: “fora-daqui”, é esse o meu objetivo. 
– o senhor não leva provisões – disse ele. 
– não preciso de nenhuma – disse eu. – a viagem é tão longa que tenho de morrer de fome se não receber nada no caminho. nenhuma provisão pode me salvar. por sorte esta viagem é realmente imensa. 

franz kafka – a partida 

niilismo-de-conceitos, conservador: é como nomeio a estratégia de ocultamento geral para a permanência de determinados discursos. aqui é se dado muita ênfase à invalidação de todos os conceitos, ao mesmo tempo em que, sorrateiramente, deixavam intocáveis os conceitos que sustentavam tais discursos – cujas sustentações já nos eram antigos conhecidos. ocultamento com dois aspectos curiosos de paradoxo: o primeiro sendo que só existe discurso a partir do momento em que não há mais nada para se discursar, e o segundo sendo que só existe discurso a partir do momento em que não há mais sujeito para discursar. do primeiro aspecto de paradoxo, tudo aquilo sobre o qual se discursa é um risco para o próprio discurso. e a segurança (neste caso por escorregamento) que o constitui estaria ameaçada, desde já, pois significaria que se deveria desocultar o compromisso com o discursado em particular. já que, o melhor afazer para conservar algo é sempre coloca-lo em outro lugar onde não mais se pode alcançar. por exemplo, muito se disse sobre a historicidade das coisas, no entanto, em tentativas de apropriar-se do tempo para fazer durar algo já dito; muito se disse sobre os discursos sempre parciais sobre as coisas, no entanto extraindo sua certeza não de uma relação com a coisa, mas da ausência de coisa – certeza pela adesão e não pela persuasão. dizer sobre isto ou aquilo não é nada, dizer sobre a ausência disto ou daquilo é tudo. e do segundo aspecto de paradoxo, quem discursa também é risco para o discurso. pois este é histórico, sofre mudanças de humor, pode mudar de ideia, ontem se comprometia com isto, hoje com aquilo, etc. assim a segurança por escorregamento estaria sendo ameaçada pela própria condição de mudar de quem se quer em segurança. neste segundo aspecto, o escorregadio aparecia sempre como liquidação mágica da condição de mudar do sujeito. vez por outra, a noção de “subjetivo” aparecia como porto seguro-escorregadio para garantir o discurso acima dos sujeitos que discursam. a mudança no tempo era magicamente substituída pelo instantâneo estendido. por exemplo, a “avaliação” deste ou daquele sujeito não podiam ser confiáveis, mas a tautologia “avalia-se ou não avalia-se”, sim. estranha forma de exclui do discurso quem discursa. 


das três considerações particulares: 

vida pós-ética, pós-moral: a ideia de “impossibilidade da ética” ou “inabilitados para a ética” foi o grande fantasma que pairou sobre nós ao decorrer dos dois dias de seminário. digo fantasma no mesmo sentido em que schopenhauer diz no seu texto “ensaio sobre as visões de fantasmas”: sim, existem fantasmas, não há dúvidas, as pessoas os veem o tempo todo, no entanto, isso não significa que existe vida após a morte. os fantasmas dizem mais sobre os vivos do que sobre os mortos. desse modo a ética existe, não há dúvida, no entanto, mais do que ela nos conduzir para a claridade luminosa e solar da razão, a ética nos conduz à claridade pálida dos raios lunares da vontade e do desejo. a ética como algo que mais tende a fazer parte de um reino crepuscular e telúrico do que de um reino aurorar e celestial. desse modo a esperança, a nostalgia e a resistência apareceram como a tonalidade dessa aparição fantasmática da ética. 

esperança: o grande consolo – o tempo todo era trago à tona a ideia de que o prazer era uma poderosa perspectiva para avaliação, pois não constituía um efeito, uma consequência, mas sim uma causa, um estado primordial. seu poder, ou privilégio, consolador jamais poderia ser ameaçado, pois, até mesmo na sua ausência haveria um estado de neutralidade (ausência de dor e ausência de prazer) que lhe fazia parceria oculta para destituir o mal-estar, até mesmo, como possibilidade de ser considerado um ponto gerador de argumentação. a todo momento a argumentação negativa tentava ser neutralizada pela ideia de prazer ou de neutralidade. pois na esperança de manter ao menos a soma = 0 (condição de equilíbrio e de ameaça zero), por falta de consolo de soma +1 (a mais-vida à gozar que tratarei daqui a pouco), é melhor se calar sobre qualquer possibilidade de soma – 1 (fatores limitativos). 

nostalgia: saudades de um já vivido ou saudades de um futuro que jamais será vivido – aqui a saudade por um estágio de indeterminação era o grande recurso e estratégia para não se impossibilitar ou para não nos tornarmos inabilitados e inabilitadas para a ética. ora, a aparição da ética se dava como uma condição histórica evolutiva de reação contra um passado terrível já ultrapassado (seja pensado em termos de “primitivo”, como espécie, ou “infância” como espécime), ora se dava como uma condição histórica futura onde o risco de uma vida pós-ética ou pós-moral, estaria fundamentada ou num agir/não-agir regulado por alguma solução totalitária, como o direito pautado apenas pela sua dimensão de lei, ou por uma possível extinção da espécie humana – um mundo sem ninguém. estranha nostalgia por uma realidade alternativa, de outra noção de tempo e situação geográfica – por meio de uma presunção de similaridade, induzir nossa condição de uma qualificação de viver (nasci e morrerei) a uma qualidade de vida (há vida antes e depois da vida). 

resistência: força que se opõe ao movimento – no caso do discutido no seminário, o movimento da terminalidade. aqui posso até evocar o que lévi-strauss diz, em seu “tristes trópicos”, ser uma ciência mais refinada e precisa que a antropologia: a entropologia – disciplina dedicada a estudar, em suas mais elevadas manifestações, o processo de desintegração dos povos (sociedades humanas e a própria humanidade). a ideia a qual se resistiu muito, ao longo desses dois dias, foi a de que “o fim está contido tanto no início quanto no meio do processo”. em todo caso, se aceitou o processo, no entanto, resistindo à consideração de que haja algum tipo de movimento que conduz a gradação desse processo. resistência tal qual os quatro argumentos de zenão contra o movimento. a flexibilidade, a falha, os exemplos favoráveis, o ignorar de indesejadas exceções à regra, a padronização arbitrária levada ao seu paroxismo, o meio termo entre covardia e coragem ao fazer afirmações, eram os álibis mais comuns para salvar uma vida ética sem a afirmar diretamente. no entanto, se movimenta, se movimentou. o fantasma foi materializado em frankenstein. este adorável renascido que somente se tornou um monstro quando se viu que jamais pode ser outra coisa – não importa quantas vezes se nasça, ouçamos o que este monstro da condição humana tem a dizer. 

manual de sobrevivência: gosto muito desta ideia por uma condição náutica, e não cabreriana, digo isso para não me acusarem de que fiz uma má leitura de cabrera, pois eu não li ainda, o texto no qual julio cabrera a usa. assim não posso tomar partido ou criticá-lo. desta ignorância mais nada falarei. Parto, portanto, de minha condição náutica. como metáfora posso dizer o seguinte: a ética é para mim um titanic (em consideração ao centenário de seu naufrágio), a impossibilidade ou a inabilidade, me é a minha própria condição de náufrago e, o “manual de sobrevivência”, uma espécie de “diário de bordo”, mesmo não estando mais a bordo, como este que estou fazendo ao relatar minhas impressões sobre o seminário sobre pessimismo e otimismo moral. o que quero com isso? 

neste momento do texto, quero nomear este meu relato como, algumas páginas que compõem um diário de bordo impressionista de um náufrago acerca da ética e, esclarecer algumas posições que estou considerando para escrever estas poucas páginas. pois bem, muito se falou sobre a condição de já estarmos-aí como sobreviventes. no entanto, não somos os/as primeiros/as nem os/as últimos/as a sobreviver, mesmo no sentido de hume, de que nada do visto anteriormente garante que o/a próximo/a a nascer, ou alguém já nascido jamais venha a morrer. sobreviver é uma noção muito mais interessante que viver. isto se dá por uma razão metodológica simples: sobreviver está pouco impregnado pela tradição metafísica. pensa-se em viver intensamente, mas não em sobreviver intensamente. sobreviver é colocado como algo de instância menor ao viver. até mesmo em algo que se opõe ao viver intensamente. de minha parte a sobrevivência vem como um dado para o jogo do viver. e assim, enquanto dados de um jogo, estabeleço a dimensão perspectivista do sentido extra-moral anunciado no título: se a ética é algo que não está no mundo, então para sermos pessoas éticas, temos que nos colocar fora do mundo. mas como a única coisa que tenho em jogo para garantir minha sobrevivência somente é aquilo que está no mundo, aceito a condição colocada por julio cabrera de que, a ética é uma maneira de se viver no mundo dentre tantas outras maneiras, histórica e geograficamente. ou seja, a ética pode servir como nutrição para a sobrevivência. como a celulosa é nutrição para animais ruminantes e não é para nós seres humanos. para mim a ética em nada serve para minha nutrição. 

como naúfrago, sem deus, sem patrão e sem estado, não me é necessário fazer uso da ética, seja ela religiosa, naturalista, ou eclética. mesmo que muitas vezes, por tal desnecessidade, minha vida foi posta em risco (sobrevivência com bandidos, marginais e policiais), foi posta em dúvida (sobrevivência com muçulmanos e grupos indígenas) e, posta sem sentido (sobrevivência com anarquistas, niilistas e céticos). caso eu tivesse algum tipo de ética ao meu lado, eu não estaria aqui escrevendo estas linhas. viver extra-moralmente, não significa que levo uma vida acima de qualquer moral, significa que apenas levo a vida de outra forma que a moral. do ato de pensar, portanto, do ato de medir, não dou a cada coisa e a cada um/a o seu justo valor. não tenho valores, tenho apenas considerações. para mim, fazer avaliações é fazer generalizações, e levar em consideração é se aproximar ou se afastar disto, daquilo, dele e dela. pouquíssimo me interessa para uma qualidade de vida, mas muito me interessa para qualificar minha sobrevivência. sem nenhum problema posso ficar doente por não comer, beber água ou dormir se me é mais importante escrever estas linhas ou assistir ao volume 3 da coleção “histoire du cinema” de godard. ao mesmo tempo em que posso me prostitui (ganhar a vida) para conseguir um lugar onde eu possa escrever estas mesmas linhas ou assistir ao filme mencionado. neste meu caso, o sentido extra-moral, ou seja, minha forma de levar a vida é meu modo de abandonar como nutrição, o alcançar uma avaliação geral às custas da dissolução do objeto mesmo da avaliação. pois, os objetos e as pessoas, que levo em consideração, são aquilo que me mantêm vivo; que me garante a sobrevivência. 

se assim os vejo, o pessimismo e o otimismo no sentido extra-moral, tais me são dados como polos de consideração disto e daquilo para a qualificação de minha sobrevivência. assim sendo, o pessimismo no sentido extra-moral me garante muito mais a sobrevivência do que o otimismo no sentido extra-moral. o pessimismo extra-moral é minha consideração trágica de uma condição que me acompanha, desde o meu nascimento, intrinsecamente dolorosa (no sentido de mal-estar) e patética – no qual concordo plenamente com julio cabrera. viver no sentido extra-moral, não avaliando, mas considerando, é ser uma espécie de herói trágico que dá cotoveladas em vão no patético que é o viver cotidiano. a tragédia não é porque morremos, mas sim, é por que continuamos vivos/as. o caráter único, irremediável, inapelável e entrópico do dia-a-dia é o patético o qual se luta tragicamente. quanto tempo sobrevivemos pensando no que deveria ter sido feito e no que devemos fazer? quanto tempo sobrevivemos se levamos isto, aquilo, ele e ela em consideração? e o otimismo extra-moral? este é a consideração nutricional apostadora. pouco me interessa se a “banca sempre vence” ou se apostei errado, já que são lances de sorte e azar, muito me interessa apenas se apostei ou não. ah, e se a consideração não é um tipo de avaliação? não, não é. considerar é como a relação de quem está na miséria com o que comem: não importa o sabor da comida ou mesmo se tenho condições de estoca-la, importa se tenho a barriga cheia agora, pois saco vazio não atinge seu objetivo: “eu já disse: ‘fora-daqui’, é esse o meu objetivo”. 

mais-vida à gozar: uma situação curiosa muito recorrente ao longo do seminário foi a dilatação, que aqui inverto para ficar mais claro, do que zizek diz do mais-gozar a vida – isto que ele chama da obrigação pós-moderna de que “sobre aquilo do qual podemos falar, deve ser dito para que o façamos obrigatoriamente” – você pode, logo você deve. a situação que inverti para fins ilustrativo é a seguinte: sobre aquilo do qual podemos falar, não deve ser dito para que não o façamos obrigatoriamente – você pode, logo você não deve. o “aquilo” é o gozar. no “mais-gozar a vida” descrito por zizek, se podemos falar sobre o gozar, assim o fazemos para que nos obriguemos a tal – como por exemplo, a atual obrigatoriedade masculina de fazer sexo após o viagra. no “mais-vida a gozar”, dito aqui, esta obrigatoriedade é lançada como o estender o tempo de viver – se é obrigado a viver mais para que haja mais possiblidade de gozar a vida, no entanto, se estendina no tempo, a obrigatoriedade de gozar a vida é colocada como condição obrigatória a qualquer custo. assim, somos levados/as ao ponto de que somos obrigados/as a gozar até mesmo nas condições mais degradantes de sobrevivência – como, constantemente se obrigam pessoas, com doenças terminais, a gozarem por si mesma a “luta pela vida”. não se pode viver, no entanto, deve-se gozar como se pudesse sim viver. 

fiz esta brincadeira ilustrativa apenas para fins didáticos. pois a impressão que eu tinha a cada réplica à ética negativa, ou à impossibilidade de qualquer ética, ou à situação de que estamos inabilitados a ela, era a de que, a capacidade de suportar até a mais miserável forma de viver, era a natureza suprema do viver. e como tal saltava diante de nós como o argumento mais dourado e fatal do otimismo, ou da covardia em fazer afirmações ariscadas pessimistas contra qualquer possibilidade contrária ao “mais-vida a gozar”. por exemplo, ora a “mais-vida a gozar” aparecia como vontade da espécie em perpetuar em detrimento da vontade de não perpetuar de um e/ou uma espécie (naturalismo ideológico – ciência), ora aparecia como possibilidade de condenação à heterossexualidade (naturalismo conservador – moral), ora aparecia como obrigação a suicidar-se (“se pode, deves” – naturalismo perverso – psicanálise), ora aparecia como impossibilidade de afirmar a vida (naturalismo revolucionário – vitalismo), ora aparecia como pré-condição a santidade (naturalismo místico – agnosticismo e ceticismo). assim como vi, todas as formas de aparecimento do “mais-vida a gozar”, para se manter o pensamento dentro do horizonte do já pensado tradicionalmente, se davam como formas de naturalismos, estrategicamente para permanecerem intocáveis, disfarçados de pensamentos anti-naturalistas, abertos e anti-teleológicos: como se as condições de acaso, de inércia e de artifício fossem aceitos apenas como garantia e permanência e não como incerteza, dúvida e possibilidade de mudança. o qual posso, freudianamente, posso afirmar o seguinte sobre tal disfarce: naturalismo como o presente de uma ilusão (mais-vida a gozar).


léo pimentel – 21 de abril de 2012 

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