das sociedades de miséria –. somente existe uma forma certa, verdadeira e única de viver, quando esta pretende ser a vida mesma. a pretensão de reduzir o pluralismo de formas a uma variedade irredutível: a sua. superestimação cêntrica: ser variedade irredutível. se apenas um exemplar assim se pretende, eis ilusão isolada. no entanto, quando deixa o isolamento, torna-se "estilos de vida", ela parte às tentativas de legislar sobre a exuberância. nessa partida surgem os desejos por coagir e violar. deles começa-se a falar de poder: relação comando-obediência. onde ocultar e eliminar tornam-se sistemáticas: subordinação hierárquica. aqui a pretensão do "singular tornar-se a vida mesma" emerge como potência totalitária travestida de "condições sociais e culturais". pois surgem como a "única" que garante a explicação e a motivação de se viver. uma vida automática surgida de meios sociais "favoráveis". nenhuma aventura, nenhum risco, senão os controlados e programados. controle e programação: discurso - que pode ser sempre o mesmo, pois a linguagem pode variar! este que sempre diz exatamente a partir de que lugar se diz o que se diz. o melhor exemplo negativo desse tipo de dizer, ou sua melhor iconoclastia é a pintura maori: indiferença entre arte e suporte da arte (algo existe na ausência) - indiferença entre dar uma ordem ou ter de obedecer. exemplo negativo, pois partindo da genealogia sobre tais desenhos conseguimos chegar às noções de sociedades de abundância. no entanto, uma forma de viver que se pretende ser a vida mesma, só pode dar origem às sociedades de miséria. estas que usam o artifício do amigo-imaginário, invertendo-o em inimigo-invisível. inversão criada como ocultação do medo das alternativas: do medo em repartir sociedades em grupos; do medo em pensar em poderes políticos não-coercitivos; e, do medo de perceber que existe algo na ausência (no ocultado e no eliminado). um dos usos desse artifício da sociedade de miséria é a profissionalização: uma nova e global hierarquia de dominação cuja ameaça maior é o abandono - exclusão do processo produtivo que "garante" a sobrevivência. profissionalizar-se como um dos reflexos do desespero pela franca timidez e da sobrecarga de prudência. outro uso é a arquitetura das cidades. uma visita à brasília, por exemplo, (talvez o mais evidente), e logo se vê que o fluxo histórico do vivido foi ocultado e aniquilado. tudo o que é vivencial foi excluído arquitetônica e urbanisticamente como sendo algo ilegal e criminoso.
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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
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