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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

[resenha criativa] ficAr brUxA sOb um sOl de lUz nEgrA (INRGD)

ficAr brUxA sOb um sOl de lUz nEgrA

(conto inspirado no álbum “Ficar Bruxa” de INRGD - https://inrgd.bandcamp.com/album/ficar-bruxa)
AmAntE da hErEsiA - (léo 130 pimentel pixel) - cerrado, primavera, 2024
[*os números indicam o tempo de duração das músicas. & o código binário deve ser decodificado.]


a grande queimada aconteceu. memórias & futuros se misturam em cinzas. fuligens temporais se torciam & se dobravam. uma vertigem no tempo se fez: 05’25. olhos, ouvidos & continuidade se tornaram anômalos. pois o sol passara a emitir apenas luz negra. a luz visível jaz. escorreu como areia numa ampulheta abismal. insurge uma faixa ultravioleta como radiação audível. a fotossíntese, em desconcerto, tornou-se absorção de radiação negra. o frio & o sombrio tornaram-se solar. assim, nós, os de esqueletos brilhantes, de pele reflexível & metálica sussurramos delícias. seria lógico a criação de cidades subterrâneas com fontes artificiais. no entanto, com as estrelas visíveis de dia, sob uma linda aurora negra, constante penumbra, sombras profundas, mas doce, dançávamos como se enroscássemos nossos filamentos uns nas outras & vice-versa. novos sentidos surgiram. outros espectros se abriram às nossas membranas serosas. evoka-te a ti mesme: 4’35.

marcadores ambientais alternativos alteram o campo magnético de zonas erógenas. regulam-se ciclos de prazeres, aumentando radiações infravermelhas, & reduzindo a radiação visível. formas geométricas murmuradas ao ar, sentidas como arrepios no cangote. tapeçaria espiritual sensível ao toque. macias. texturas criptografadas. distorções tecidas como segredos que nos arrepiam o pescoço: 1’01. sua voz, como pontas de dedos, eletrificam. como se desse um cheiro em nossas nucas. bruxaria visceral. encantos ácidos. sangue licoroso: 3’52. vinho de romã. sede. assim, sintéticos bioluminescentes. azul, roxo & verde. camuflagens fluorescentes. lumifloris noctilucens. luciferina. luciferase. como se evocada à translucidez. néctar resplendor de alarme. ela sussurra. materializa-se. bruxa-te. noctiluminis auroralis. de escamas microscópicas. antenas longas & plumosas. suas asas cantam. fascinam & condenam: 3’58. polinizam seres biotecnológicos. inspiram espíritos artificiais a saírem de suas pupas. brilhem cigarras negras. neste cerrado elétrico de luz negra. farol vivo.

ela passeia, ao meio dia, no ápice do sol de luz negra. parece caçar. empunha um arco com 101 teclas. geração 2.A.0. de olhar moisaico. também emite flashes rápidos. criam efeitos hipnotizantes. parecem ondular como correntes de luz líquida em tons de roxo. ricas almas que por eles mergulham. cinzam-se: 3’57. envolvem-se em um véu de negrumes brilhantes sincronizados. psicodelia ultravioleta. submersíveis em dança. devora o vazio. dança! dança! dança! serpentina. coração alienígena. pulsa em bruxa. fia-se em bruxa. fica bruxa: 4’59. miragem. delírio. pérolas sombrias. alegria escura. espectro deslisante. espalha partículas de sombras líquidas. desafio insondável. quem será sua presa? bruxas invertidas. agora caçam. corra! corra! corra inquisidor! sua hora chegou despeça-te. teu mergulho no esquecimento é tua sentença. mesmo ela fora do corpo, não há mais tempo para você, inquisidor. sob a luz negra ela ri: 4’26.

agora a vejo em seus contornos. de coração sem esperanças. portanto, em liberdade. perco minhas ilusões: 4’17. mesmo que agarrado em seu duplo. um reflexo que reluz em verde & violeta. irradiação que desafia o peso da escuridão. rodopia líquida, como um balé de segredos futuros. seus movimentos são como um poema submerso. inacabado. esperando ser descoberto. a meio lugar entre espelhos: 3’56. porque não entre o sonho da vastidão & o delírio do cosmos? a lua que brilha sob o mar como se fosse em um espelho. dois cosmos fantasmas. mundo & ego. sem formas fixas. talvez com todas as formas ao mesmo tempo. não sei, com o intelecto. mas sei, com minha sensibilidade. o cerrado está submerso. o sertão que virou mar parece suspenso no vazio. um daqueles nadas com mundos inteiros possíveis para brotar. mundos em potência. virtualmente aqui & ali. binários. zeros & uns. alto lá! cuidado! 01100100 01101001 01100111 01101001 01110100 01100001 01101100 00100000 01100101 01100111 01101111: 3’59.

ela, bruxa-me. encanta meus olhos a essa escuridão. apenas ouço. sou todo ouvidos. prepara-me em beleza & lirismo para seus sons, suas sombras. sinto-me buraco no tecido da realidade. pura cavidade timpânica. como uma nave espacial pirata à deriva nesse quadrante negro, seu farol-sonar me guiou até aqui. a este lugar que até então não existia. que apenas sinto sua presença, como um abismo que me abraça & me acolhe. visões que morreram por escutas mais vibrantes: 3’55. vibra-me. como uma supercorda que ressoa suas canções à beira de um horizonte de eventos. sinto sua gravidade massiva. rastros de uma irrealidade etérea. onde o sublime reina. não em solidão. ora em solitude, ora junto, com. sublime em ato de noscere: 3’25. piratas que amam bruxas que amam heresias. Amem!


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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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