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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

de SOLarius a SOLarius - microconto inspirado na HQ “lendas inventadas” de lima neto

de SOLarius a SOLarius*

[A]m[A]nt[E]:|:da:|:h[E]r[E]si[A] – aka. léo pimentel - Cerrado, primavera, 2022
*microconto inspirado na HQ “lendas inventadas” de lima neto



500 anos em 50 se passaram... muita invenção se tornou lenda...

hoje, os horn runners, caçadores de candangos pós-humanos, governam. seus sonhos se realizaram. os nossos pesadelos também. aqui é tudo concreto, asfalto e espelhos. impermeabilização radical do solo e das sensibilidades. distopia bandeirante, pentecostal e modernista onde, certa vez, não como utopia, o cerrado existia em toda sua soberania. ao menos para a atual população neo-brasiliense e para turistas-avatares, sua versão holográfica permanece. todo olhonet é capaz de vê-lo por toda a cidade. uma miragem feita de padrões de interferências de luz, dada como prêmio de consolação às nossas tristes vistas sodomisadas por mais de cinquenta tons de concreto. um monumento autodedicado aos replanejamentos anticerradistas de uma cidade insistentemente planejada. mas não para nós.

no entanto, havia uma antiga e curiosa lenda que dizia que às margens da hipervia BR-040-666, na época de sua construção, teria sido soterrada a casca de um belíssimo monstro quadricórnio azul. soterramente por desprezo. mas que para nós, tal seria uma espécie de gigantesco exoesqueleto de cigarra que um dia nos teriam presenteado como símbolo do pioneiro indômito, mas que em um futuro próximo, emergeria de debaixo da terra para o início de uma outra aurora cerradina. ainda hoje dizem que essa história não é apenas uma lenda. que há evidências que a confirmam. uma delas é que pode-se ver, somente a olhos nus desconectados, a ponta de um de seus chifres em meio às astes de emissão de energia das placas solares asfálticas... e que outra evidência seria que, neste mesmo lugar, surge um curioso holopixo de um tijolo antropomórfico segurando uma lima na forma de granada. aparição de tempos em tempos e ao acaso, como uma interrupção na neuroprogramação dos outdoors do GDF.

outros 500 em outros 50... novas lendas foram inventadas...

vocês também estão ouvindo esse ranger de aço? um sutil canto estridente e ritmico. mas suavisado por lã de vidro... será que vem chuva ai? e esse cheiro de plástico queimado? queimada é impossível. hologramas não pegam fogo. mas vocês também não estão sentindo? sim! alí no horizonte! vejam! eu sabia! sim! existe! esse nosso estranho banzo é sua via de comunicação. é a monstruosa cigarra com suas pontas ásperas gigantes! solarius! é o seu nome! ela nos chama! como um sensual e amoroso canto de sereia. um a um, uma a uma... cada um e uma de nós, descendentes ciborgânicos des pioneires candangues! ou melhor dizendo, cacildis! pioneiris candanguis! tomemos um mésis para comemorar! sim! nós, andróides e ginóides sonhamos com capivaras elétricas!



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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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