vou-me embora pra cyborgânia
lá sou rei anarquista
lá sou a sexualidade que eu quero
no espaço-tempo que escolherei
vou-me embora pra cyborgânia
vou-me embora pra cyborgânia
aqui eu não quero essa felicidade
lá a existência é risco e aposta
de tal modo delinquente
que silvia rivera cusicanqui
quíchua e anarquista
nem precisa ser insurgente
da antifamília que nunca tive
e como farei barricadas
andarei com molotovs
montarei em coronéis
subirei pelas ruínas desse país
tomarei a liberdade nas mãos!
e quando estiver aborrecido
farei uma rave na beira do rio
para celebrar com a mãe-d'água
pra refazermos toda a história
que no tempo que eu civilizado
indígenas vinham me contar
vou-me embora pra cyborgânia
em cyborgânia tem tudo
está para além da civilização
tem caos, acaso e artifícios
para impedir a ordem e o progresso
tem tecnologia reciclada
tem energia para as máquinas à vontade
todos somos prostitutas bonitas
para todos por lá namorar
e quando eu estiver mais alegre
mas alegre de não ter jeito
quando de madrugada me der
vontade de me matar
— lá sou rei anarquista —
lá sou a sexualidade que eu quero
no espaço-tempo que escolherei
vou-me embora pra cyborgânia.
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reconstrução insurgente do poema de manuel bandeira, "vou-me embora pra pasárgada.
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